terça-feira, 12 de abril de 2011

Splice - A Nova Espécie (Splice)


Não é de hoje que o tema da biotecnologia é explorado pelo cinema. Vários filmes já foram produzidos lidando de diversas formas a respeito da clonagem humana ou do avanço cientifico e suas conseqüências. Podemos citar como exemplos Gattaca – A Experiência Genética, A Ilha, Os Meninos do Brasil entre outros. Splice – A Nova Espécie procura levantar as mesmas questões já discutidas por outros filmes e perde uma ótima oportunidade de ir além.

No filme escrito e dirigido por Vincenzo Natali (Cubo), Adrien Brody e Sarah Polley interpretam dois cientistas que desenvolvem seres transgênicos para uma empresa farmacêutica. Esses seres, resultado da mistura de genes de animais diversos, possuem a função de desenvolver vacinas para animais. Mas os cientistas não se contentam em apenas curar animais, querem ir além. Dando o próximo passo para criar um ser híbrido a partir do DNA humano capaz de fornecer a cura para diversas doenças que afligem a humanidade.


Após terem sua experiência rejeitada, os dois cientistas resolvem por contra própria desenvolver o projeto. Dessa experiência nasce uma criatura imprevisível, fruto da hibridização de material genético de diversos animais e do DNA humano: batizada de Dren, anagrama da palavra “nerd”.

No entanto o que poderia ser um interessante thriller acaba virando um drama familiar bizarro. Num primeiro momento o casal de cientistas diverge sobre a experiência. Alegando as “considerações morais”, o personagem de Brody defende que a experiência seja abortada, mas decidindo ir contra seus princípios fica ao lado de sua mulher que se envolve maternalmente no projeto. Os dois acabam se envolvendo com Dren, cada um a sua maneira, e vivenciam o desafio de tomar conta de uma nova espécie.

As discussões éticas que o filme poderia gerar a respeito da nova espécie criada ficam em segundo ou terceiro plano. Se a humanidade se vê hoje dividida em respeito à clonagem humana, onde uns defendem seu papel no avanço cientifico e outros apontam para as implicações morais, filosóficas e religiosas. Splice – A Nova Espécie perde a oportunidade de ir além podendo colocar mais um item em toda essa discussão: o fator econômico. Quem produz uma nova espécie pode explorá-la de forma indiscriminada? O homem ao brincar de Deus pode produzir vidas em escala industrial? Qual o valor mercadológico de uma nova espécie?

Uma das principais características da ficção cientifica, acredito eu, é mostrar o que pode acontecer quando o homem vai além. Cabe a imaginação procurar compreender esse mundo proibido ao homem no seu presente, pois o cinema já demonstrou que a ficção científica de hoje pode se tornar a realidade científica de amanhã.

Splice – A Nova Espécie procura criar um clima de tensão que só é feliz nos seus momentos finais. A expectativa de que tudo dê errado – e sabemos que vai dar – é o que pode fazer segurar o espectador até o fim do filme que por vários momentos corre o risco de não ser apenas absurdo, mas ridículo.

título original:Splice
gênero:Ficção Científica
duração:1 hr 44 min
ano de lançamento: 2010
estúdio: Gaumont / Dark Castle Entertainment / Senator Entertainment Co / Copperheart Entertainment
distribuidora: Warner Bros. Pictures (EUA) / California Filmes (Brasil)
direção: Vincenzo Natali
roteiro: Antoinette Terry Bryant, Vincenzo Natali e Doug Taylor, baseado em história de Antoinette Terry Bryant e Vincenzo Natali
produção: Steven Hoban
música: Cyrille Aufort
fotografia: Tetsuo Nagata
direção de arte: Joshu de Cartier

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