Num vilarejo maori (povo ancestral da Nova Zelândia), o nascimento do futuro líder é aguardado. No entanto, por complicações no parto, a mãe morre e o tão desejado filho também. Sobrevive apenas a sua irmã gêmea, Paikea (Keisha Castle-Hughes), que já nascia destinada a ocupar um lugar secundário na vida da comunidade. Mas ao crescer, Pai, como é chamada, desafia os padrões culturais na busca de sua identidade e na aprovação do amor de seu avô, Koro (Rawiri Paratene). Mais do que um embate cultural do moderno entre o tradicional, Encantadora de Baleias nos oferece uma história inspiradora onde o novo e o velho se completam.
Encantadora de Baleias, dirigido por Niki Caro, é baseado na obra do autor maori Witi Ihimaera. Na história, Koro, líder do grupo, é um defensor dos costumes ancestrais de seu povo. Acredita ser o descendente do semideus Paikea, que chegou ao mundo nas costas de uma baleia. Preocupado na manutenção dos costumes de seu povo, Koro desejava o nascimento de um sucessor masculino que seria capaz de liderar a comunidade. No entanto com o falecimento de seu neto e na relutância de seu filho em assumir seu papel no grupo, Koro, seguidor rígido das tradições, não pensa na idéia de passar a responsabilidade para Pai pelo fato dela ser mulher.
Dessa forma, Pai é rejeitada pelo avô, que mesmo ao passar dos anos e ter se apegado a menina, não muda seu pensamento em relação a posição dela. No entanto isso não impede que Pai aprenda, mesmo que indiretamente, a cultura de seu povo e as funções de um líder maori.
Paikea vai contra os padrões culturais de seu povo para mostrar seu valor e conquistar o afeto de Koro.
Encantadora de Baleias nos encanta pela sua forma simples de nos contar essa história. Niki Caro conduz seu filme de tal forma que a história não se restringi apenas ao vilarejo maori representado no filme, mas aborda valores universais presentes em diversas etnias ao redor do mundo e tão latentes no mundo de hoje marcado pelo intenso processo de globalização e aculturação, onde o antigo e o moderno estão em constante conflito.
Pai mostra sua coragem e determinação em buscar a aprovação de seu avô nem que isso resulte em desafiar os princípios dele. É um dos pontos mais fortes do filme, pois em Encantadora de Baleias não vemos o novo querendo se sobrepor ao velho. O novo vem agir em completude. Essa caracteristica é muito bem projetada na cena em que Koro explica a Pai a força dos ancestrais usando uma corda como símbolo.
O filme destaca-se também em não rotular os personagens fugindo do maniqueísmo tão presente nas produções hollywoodianas. Vemos pessoas que lutam por defender seu lugar no mundo em busca de sua própria identidade.
Grande destaque para a atuação de Keisha Castle-Hughes que foi indicada ao Oscar de melhor atriz. Encantadora de Baleias fez bastante sucesso ao redor do mundo sendo eleito pelo público como o melhor filme em festivais de Toronto, Sundance, Roterdã, São Francisco, Seattle e São Paulo.
título original:Whale Rider
gênero:Drama
duração:1 hr 45 min
ano de lançamento: 2003
estúdio: ApolloMedia / New Zealand Film Commission / New Zealand On Air / New Zealand Film Production Fund / South Pacific Pictures / Pandora Filmproduktion GmbH
distribuidora: Buena Vista / Imagem Filmes
direção: Niki Caro
roteiro: Niki Caro, baseado em livro de Witi Ihimaera
produção: John Barnett, Frank Hübner e Tim Sanders
música: Lisa Gerrard
fotografia: Leon Narbey
direção de arte: Grace Mok
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