Depois de nove anos perseguindo ETs e investigando atividades paranormais semanalmente na nossa telinha da televisão, os agentes do FBI, Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson), retornam nas telas do cinema em Arquivo X: Eu Quero Acreditar. Trazendo os agentes de volta a ação, o filme dirigido por Chris Carter se perder em tentar dar respostas aos dramas criados na série e dessa forma afasta um provável novo público.
Arquivo X trata-se de uma série televisiva de grande sucesso mundial na década de 1990. Semanalmente acompanhávamos as investigações dos casos mais bizarros tidos pelo FBI como insolúveis. Classificados dessa forma, tais casos iriam parar nos “Arquivos X”, departamento chefiado por Fox Mulder, um brilhante investigador, mas obcecado por fenômenos inexplicáveis desde que viu sua irmã, Samantha, ser levada por alienígenas. No entanto o trabalho desenvolvido por Fox Mulder nos “Arquivos X” acaba incomodando aqueles que querem encobrir a verdade, dessa forma é designada para trabalhar junto com Mulder a agente especial Dana Scully, pois seu conhecimento científico deveria desacreditar as investigações de Mulder e dessa forma lançar bases para o encerramento dos “Arquivos X”. Mas as coisas não saem da forma como se imagina. Scully acaba se tornando a grande parceira de Mulder, e apesar de não compartilhar das crenças de seu colega, ela não pode negar o que vivencia em cada investigação e encontra-se limitada por não conseguir provar o que vê, ou no caso o que não vê, através da ciência.
No entanto o que destacou e deu sucesso a série durante nove temporadas não se encontra no novo filme.
Em Arquivo X: Eu Quero Acreditar, Chris Carter, criador da série e diretor desse novo filme, não explora o material referente à mitologia da série. Nessa história não veremos Mulder e Scully perseguindo seres alienígenas ou lidando com fenômenos paranormais. Carter explorar as nuances dramáticas de seus personagens e dessa forma acaba deixando em segundo lugar o mistério do filme.
O filme começa com o desaparecimento de uma agente do FBI, mas o caso que parece ter nenhum resultado pode ser resolvido, quando as visões de um padre católico, Joe (Billy Connoly) apontam para pistas que podem levar ao seqüestrador e dessa forma a agente desaparecida. No entanto para levar a investigação adiante, a investigadora Dakota Whitney (Amanda Peet) precisa da ajuda do ex-agente Fox Mulder. Quem tem a missão de contatá-lo é a médica, e ex-agente do FBI, Dana Scully. Convencido, Mulder envolve-se na investigação, mas na condição de ter Scully ao seu lado.
O suspense feito por Chris Carter divide espaço com os dramas dos ex-agentes. Dramas esses que farão mais sentido para aqueles que se tornaram íntimos de Mulder e Scully durante nove anos. E nem mesmo assim, o filme consegue agradar 100% os fãs. Depois de um hiato de praticamente cinco anos e a expectativa criada em cima do filme, Arquivo X: Eu Quero Acreditar torna-se frustrante. Esperava-se um filma mais ágil, onde a tensão fizesse que ficássemos presos a cadeira, mas...
Carter desenvolve bem a relação afetiva entre os dois ex-agentes. O envolvimento de Mulder no caso movido por suas crenças e talvez pela lembrança de sua irmã. Scully envolvida numa questão delicada no tratamento polêmico do seu paciente, uma criança que sofre de uma doença mental rara.
A fé religiosa é algo que permeia o filme também. Para quem acompanhou os nove anos da série sabe da relação entre Dana Scully e sua religião, a católica. Dessa forma ele se vê relutante em acreditar nas palavras de um padre católico pedófilo, mesmo sabendo que seu parceiro, Mulder, acredita nele. No entanto Mulder acredita, não porque confia cegamente no padre Joe ou na sua crença no fenômeno paranormal, mas porque para ele esta é a única forma de salvar a vida das mulheres seqüestradas, tentar salvá-las seria como salvar sua irmã também, que foi seqüestrada e acabou morta. O Eu Quero Acreditar, subtítulo do filme, se faz presente nesses momentos onde todos parecem ter motivos para não acreditar, mas mesmo assim, por algum motivo particular, querem.
Arquivo X: Eu Quero Acreditar procura ser um daqueles episódios da série em que o universo de conspirações alienígenas não se fazia presente, mas não foi o suficiente para satisfazer o desejo dos fãs que queriam uma aventura empolgante de Mulder Scully. Espero que essa não seja a ultima aventura dos agentes do FBI antes de um provável reboot da série. Em nome dos fãs, dos quais me incluo, e dos nove anos da série, Arquivo X merecia algo bem melhor.
título original:The X-Files: I Want to Believe
gênero:Ficção Científica
duração:1 hr 44 min
ano de lançamento: 2008
estúdio: 20h Century Fox Film Corporation / Ten Thirteen Productions / Crying Box Productions
distribuidora: 20th Century Fox Film Corporation
direção: Chris Carter
roteiro: Frank Spotnitz e Chris Carter, baseado em personagens criados por Chris Carter
produção: Chris Carter e Frank Spotnitz
música: Mark Snow
fotografia: Bill Roe
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