sábado, 16 de julho de 2011

Kafka (Kafka)


Misturando fatos reais com ficção, Steven Soderbergh mergulha Franz Kafka nos piores pesadelos que tanto marcam a obra do escritor. Com várias referências às obras de Kafka como A Metamorfose, O Processo, Na Colônia Penal e O Castelo, este filme traz a aura de paranóia e penumbra que tornam único o trabalho do Franz Kafka, mas peca por ater-se apenas na superficialidade dessas características.

Kafka relata um pouco da vida real do escritor – apesar do filme não possuir caráter biográfico. Morador da cidade de Praga, onde nasceu, Kafka trabalha como funcionário público numa companhia de seguros (de fato Kafka trabalhou numa seguradora, Arbeiter-Unfall-Versicherungsanstalt) elaborando documentos técnicos e escrevendo seus livros nas horas vagas.



Soderbergh explora a relação do escritor com o pai. Uma relação conturbada que é evidenciada nas cartas que Kafka escreve. A relação do escritor com a literatura também é exposta. Em um determinado momento Kafka diz que escreve sobre si para si, característica predominante nas suas obras, embora elas estejam carregadas de impessoalidade.


Na trama, Kafka investiga os mistérios que envolvem um imponente Castelo da cidade de Praga, em 1919. Depois do desaparecimento de seu amigo, Eduard Rabin, Kafka descobre que Rabin sumiu logo após ter sido enviado por seus patrões ao Castelo.


Jeremy Irons fica responsável por nos mostrar um Kafka de jeitos atrapalhados, com a cabeça nas nuvens, mas atento ao que acontece em sua volta. Irons desempenha um excelente papel e em certos momentos a fotografia do filme faz o ator transformar-se em Kafka.


Filmado praticamente todo em preto e branco, Kafka lembra os filmes noir. A trama é carregada de mistérios fazendo referências às obras do autor, onde a paranóia, conspirações e críticas a burocracia são explorados. Visualmente falando, Kafka torna-se um filme interessante, os ângulos de câmera explorados por Soderbergh criam um mundo surreal – como a cena do olho refletido num gigantesco globo de vidro e a sequência colorida do filme transborda essa surrealidade dando ao filme um tom “kafkiano “ que agradará aos fãs do escritor. Uma pena que o roteiro não explora ainda mais essa surrealidade e a paranóia das obras de Kafka.

Diretor: Steven Soderbergh
Roteiro: Lem Dobbs
Produtores: Harry Benn, Stuart Cornfeld
País de Origem: França / EUA
Gênero: Suspense / Ficção
Ano de Lançamento: 1991

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